Revista Ensino Superior | Pesquisa traz diagnóstico de sustentabilidade das IES

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ESG

Pesquisa traz diagnóstico de sustentabilidade das IES

Pesquisa sinaliza ações possíveis para avançar no grau de sustentabilidade e é base da construção de indicadores para posicionar as IES no cenário brasileiro

Publicado em 31/07/2025

por Juliana Ligorio

Sustentabilidade Todas as IES que responderem a pesquisa de sustentabilidade receberão um comparativo que permite uma autoavaliação em relação às práticas de sustentabilidade das outras instituições (foto: Shutterstock)

O ensino superior cumpre um papel extremamente importante para o Brasil avançar em relação a sustentabilidade e preservação do planeta. São as IES que formarão profissionais para o mercado de trabalho, bem como os professores do ensino básico, responsáveis pela educação escolar de crianças e jovens. A responsabilidade das instituições é alta e não existem dados sobre as ações que estão sendo feitas por elas em relação à sustentabilidade. O cenário estimulou a rede de sustentabilidade do Semesp a produzir uma pesquisa que contempla as alternativas de ações que podem ser incorporadas pelas IES.

Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, explica que quando você fala em sustentabilidade das IES, deve pensar em várias dimensões – no campus, na área acadêmica, na comunidade e na parte organizacional. Por isso, a pesquisa tem a preocupação de divulgar essas dimensões e diagnosticar como as instituições estão em relação a cada uma delas. Conta que hoje, no Brasil, a Universidade de São Paulo (USP) é a melhor universidade no ranking de sustentabilidade, devido ao alto número de pesquisas na área. Mas não tem dados que mostram, por exemplo, se ela tem ações dentro do campus ou que tenha preocupação com projetos pensados para incluir a sustentabilidade dentro dos currículos.

Segundo o diretor executivo, a pesquisa Incorporação da sustentabilidade pelas IES brasileiras possibilita um diagnóstico do grau de maturidade das IES no Brasil em relação à sustentabilidade em todas essas dimensões. 

A forma com que o estudo está construído também faz dele um instrumento de aprendizado e reflexão, pois mostra ações que podem ser realizadas para o avanço em sustentabilidade nas instituições. Por exemplo, na pergunta sobre como está o trabalho de tratamento com resíduos orgânicos na instituição, é explicado que a coleta e o tratamento desse tipo de resíduo por meio de compostagem, vermicompostagem e digestão anaeróbica resultam em reaproveitamento e economia no transporte, evitam a sobrecarga dos aterros sanitários e que esses processos também podem gerar fertilizantes orgânicos para uso no campus.

 

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“A pesquisa não é só para diagnosticar como as instituições estão em todas as dimensões, mas também tem o objetivo de estimular, nortear e divulgar ações que podem ser feitas pelas IES, abrir leque de pesquisa, estudos em relação ao tema”, afirma Capelato.

Rodrigo Capelato

Segundo Rodrigo Capelato, a expectativa é que 200 instituições respondam a pesquisa (foto: divulgação)

O questionário para as IES está dividido em 5 partes. Começa com o campus e traz perguntas sobre ações para minimizar o uso de materiais e o consumo de energia e água, a forma como os resíduos são cuidados e direcionados e como está a substituição dos processos e produtos por opções mais naturais e renováveis. Na área acadêmica são levantadas questões sobre a incorporação da sustentabilidade às atividades de ensino, à formação dos docentes e à pesquisa. Em relação à comunidade, as perguntas são para diagnosticar como está a promoção do desenvolvimento e o bem-estar da comunidade interna e externa. Na dimensão organizacional as perguntas são direcionadas a entender como está estruturada e quais são as ações da liderança no reposicionamento da IES para a sustentabilidade. A última parte da pesquisa traz perguntas para as instituições avaliarem a relevância e o impacto do próprio estudo.

Paula Cristina Trevillato, pró-reitora de pesquisa, pós-graduação e inovação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) – Universidade Inovadora de 2024 – e membro da rede de sustentabilidade do Semesp, conta que a pesquisa foi construída com base em material apresentado por Francisco Sanches, diretor administrativo financeira da Fundação Hermínio Ometto (FHO), de Araras.

 

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Sanches apresentou ao grupo um material com diversas temáticas dentro de cada dimensão de sustentabilidade nas IES. “Para a pesquisa não ficar imensa, tivemos o cuidado de escolher as temáticas que mais captaram cada dimensão. Ela ficou grande, e o jeito de perguntar é longo, mas achamos que era importante para dar a especificidade, para mensurar melhor e ter um efeito comparativo mais apurado”, explica Paula.  

Segundo Rodrigo Capelato, a expectativa é que 200 instituições respondam a pesquisa. Até o dia 23 de julho, 171 instituições já tinham iniciado o preenchimento, 141 concluíram e 30 estavam preenchendo. A pesquisa está disponível no site do Semesp e as IES têm até o dia 15 de agosto para preenchê-la. O resultado do estudo será apresentado por Capelato no Fnesp, que acontecerá nos dias 25 e 26 de setembro deste ano e que tem o desenvolvimento sustentável como tema central.

Todas as IES que responderem a pesquisa receberão um comparativo que permite uma autoavaliação em relação às práticas de sustentabilidade das outras instituições, assim como o selo “IES que colabora com a sustentabilidade”. O diretor-executivo do Semesp explica que, com o diagnóstico, um grupo de especialistas em sustentabilidade analisará os dados e construirá indicadores públicos para a sociedade. “Com os indicadores, as instituições vão poder ver onde estão bem e onde podem melhorar. Eles também estimulam as instituições a pensarem na questão, nas dimensões que envolvem a sustentabilidade”.

 

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Paula Cristina Trevillato conta que enquanto aguardam os resultados da pesquisa, os membros da rede de sustentabilidade estão compartilhando dentro do grupo as boas práticas de instituições em relação ao tema e elaborando um plano de ação para ajudar todas as IES a avançarem no grau de maturidade no tema.

Paula Trevillato

Na PUC-PR, pesquisa foi respondida de forma conjunta, conta a pró-reitora Paula Trevillato (foto: divulgação)

Desde 2019, a PUC-PR já faz autoavaliação interna em relação à maturidade ESG (práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização). Paula Trevillato conta que os resultados ajudaram a estabelecer objetivos estratégicos no social, ambiental e na governança relacionados aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Organização das Nações Unidas (ONU). Diz que é importante ter objetivos claros e indicadores para medir o grau de desenvolvimento em cada item para definir ações e medir o avanço. Na instituição, o indicador estabelecido para combater as mudanças climáticas e seus impactos foi redução da geração de resíduos. Hoje mais de 400 toneladas de resíduos da instituição são destinados para aterros sanitários, mais de 225 toneladas encaminhadas para reciclagem, reuso, compostagem e outros métodos e mais de 25 toneladas de resíduos recicláveis encaminhadas para a cooperativa Recicapanema, gerando renda para 15 famílias.

Na PUC-PR, Paula Trevillato participou da pesquisa Incorporação da sustentabilidade pelas IES brasileiras junto a dois outros agentes da universidade, um colaborador do time ambiental e outro do social. Segundo a pró-reitora, responder a pesquisa em conjunto levou inspiração para o planejamento de novas ações, como a criação de um escritório, isto é, uma estrutura administrativa organizada e profissional voltada para a sustentabilidade.

Acesse o site do Semesp e faça o diagnóstico de sustentabilidade da sua IES.

Autor

Juliana Ligorio


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