NOTÍCIA
PUCRS, Unievangélica, USP e UFABC estão entre as instituições com projetos bem-sucedidos e que podem servir de inspiração para outras instituições
Publicado em 19/08/2019
Depois de falar, no nosso artigo anterior, sobre cases de internacionalização do ensino superior de fora do Brasil que inspiram (material disponível aqui), é chegada a hora de olhar para dentro do país e entender quais são as iniciativas que se destacam localmente. Isso porque, apesar de ser um movimento não muito antigo e que evolui lentamente, por aqui já possuímos alguns exemplos muito bons e bem-sucedidos.
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Instituições como a Universidade de São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a Universidade Federal do ABC (UFABC), a Fundação Getulio Vargas (FGV), a Fundação Instituto de Administração (FIA) e a Unievangélica são algumas das organizações que já aderiram ao movimento.
Elas ministram algumas das suas aulas em inglês e também vão além disso, contando com um corpo tanto discente quando docente composto em parte por estrangeiros. Isso faz com que haja uma maior troca de culturas, que vai muito além de apenas aprender a matéria obrigatória.
Uma dessas universidades, inclusive, já foi pauta aqui na Ensino Superior. A Unievangélica, que fica no interior de Goiás, se destaca com um projeto que foi iniciado em 2014. Em cinco anos o retorno já é bem expressivo: ela tem parceria com instituições espalhadas por mais de 50 países.
O centro universitário, que fica em Anápolis, recebe também dezenas de estudantes estrangeiros que vêm todos os anos estudar no Brasil. E para integrar os novos alunos e dar o suporte necessário, os professores passam por uma série de cursos e treinamentos.
O programa de pesquisas conjuntas é uma das iniciativas que mais se sobressai dentro da universidade. Os temas são inúmeros, mas alguns em específico ficam em evidência, como é o caso da colaboração de professores e alunos de agronomia com colegas portugueses da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro para pesquisar quais substratos são menos agressivos ao meio ambiente para o plantio de soja e feijão.
Outra universidade brasileira que está fazendo movimentos significativos para a internacionalização é a PUCRS e seu exemplo pode inclusive servir como guia para aquelas que estão começando o processo.
Seu Projeto Institucional de Internacionalização (PUCRS-PrInt) é destaque nas publicações a respeito do tema e a universidade tem parceria com países como Espanha, Áustria, EUA e China. Além disso, eles criaram um portal com o objetivo de comunicar as boas práticas da área internacional para o público interno, o PUCRS International.
Na vizinha Paraná, a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior tem feito um exercício intenso para a consolidação do processo de internacionalização das universidades estaduais (UEL, UEM, UEPG, UNIOESTE, UNICENTRO, UENP e UNESPAR). Para que isso seja possível, foi criado já há algum tempo o Paraná Fala Idiomas, um programa que visa estimular ações diretas e intensivas em rede no contexto universitário, que contribuam para a execução de programas de mobilidade internacional, capacitando estudantes, professores e agentes universitários em língua estrangeira.
Uma das suas vertentes é o Paraná Fala Inglês, que recentemente foi grupo foco para uma pesquisa conjunta entre a professora Eliane Registro, da Universidade Estadual do Norte do Paraná, e Cambridge English, com financiamento do British Council e da Fundação Araucária, em torno da temática capacitação em EMI (inglês como meio de instrução) para professores universitários: uma ferramenta potencial para a internacionalização.
Nele, um grupo inicial de 14 profissionais que atuam em diversas áreas do conhecimento foi selecionado para passar por um curso on-line promovido por Cambridge English, com atividades práticas e escaláveis, para que eles desenvolvam não apenas o seu nível de inglês, mas que também aprimorem as metodologias para transmitirem seus conhecimentos (dentro das suas próprias disciplinas) na língua inglesa.
A ideia é que eles passem a oferecer, após a capacitação, disciplinas em inglês e também que repliquem o conhecimento para os outros docentes em uma rede de conhecimento que tomará escala com o passar do tempo.
Os caminhos podem ser muitos e apesar de ainda ser um processo lento e tímido, um estudo feito pelo British Council em 2018 apontou que, das 84 universidades entrevistadas, 86% delas declararam uma oferta existente de cursos, programas ou atividades adicionais oferecidas em inglês ou ao menos um plano claro de implementação para o segundo semestre de 2018 ou primeiro semestre de 2019.
Esses dados mostram um crescimento expressivo ao ser comparado com os resultados de 2016, quando apenas 50% das instituições ouvidas para o mesmo levantamento indicaram ter qualquer tipo de oferta relacionada à internacionalização.
E, diante desse cenário, é certo que esse é um avanço que em algum momento as instituições precisarão olhar com mais profundidade e quem começar a aprender com os acertos desde já terá mais chances de contribuir para um movimento democrático e escalável na educação brasileira.
Aberto Costa é Senior Assessment Manager de Cambridge Assessment English, departamento da Universidade de Cambridge especializado em certificação internacional de língua inglesa e preparo de professores.
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