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Gestão

O salto do ensino a distância e seu impacto nas IES de pequeno porte

Procura por cursos nessa modalidade cresce ano após ano, segundo Mapa do Ensino Superior. Instituições menores apostam em regionalização e cooperação para melhorar captação e sobrevivência

Publicado em 15/06/2021

por Redação Ensino Superior

ensino a distância Rede de cooperação e nicho de mercado regional são algumas opções para IES de pequeno porte

ensino a distância
Rede de cooperação e nicho de mercado regional são algumas opções para IES de pequeno porte
(Foto: Pexels)

Dados do último Mapa do Ensino Superior no Brasil, apresentados pelo Instituto Semesp, mostram crescimento contínuo na busca do ensino a distância, com projeções atingindo 9,8% em aumento de matrículas na modalidade já em 2021. Do ponto de vista educacional é uma boa perspectiva, mas como a mensalidade está de certa forma aviltada, a sustentabilidade das IES de pequeno porte está ameaçada.

No Unifeob (Centro Universitário da Fundação de Ensino Otávio Bastos), em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, também ocorreu esse aumento para os cursos EAD. Em pleno auge da pandemia da covid-19 em 2020, a instituição atingiu números muito expressivos na retenção do ensino a distância, fazendo com que a evasão não chegasse a 10%, quando essa média normalmente é de 30%, conta o gerente do Unifeob online, Carlos Nascimento.

Redes de cooperação entre IES de pequeno porte

“De 2019 a 2020 começamos a ver um resultado muito positivo e a tendência para esse ano é crescer ainda mais”, especula Nascimento. Do ponto de vista financeiro, tanto o EAD quanto o modelo remoto síncrono, apesar de diferentes, são uma realidade imposta ao mercado atualmente. “É preciso ter eficiência no modelo de gestão. Nós precisamos nos tornar rentáveis para nos mantermos vivos financeiramente, sem cair na tentação de fazer algo barato mas de baixa qualidade”, expõe o executivo de redes e parcerias da instituição, João Otávio Bastos.

Leia: IES têm rede de compras colaborativa

Para ele, uma saída para as instituições de pequeno porte é a parceria entre elas, não necessariamente para fazer fusão, mas de forma operacional a fim de formar uma rede de cooperação no ensino em compras compartilhadas, por exemplo. “Isso aumenta nosso poder de negociação”, explica.

Até mesmo no investimento para elaboração e oferta dos cursos EAD, a cooperação entre parceiros estratégicos facilita esse trabalho. “Principalmente falando de plataformas e material. Somos parceiros do Grupo A e da Mais Campus, então toda a parte de backoffice e secretaria eles cuidam, e a gente consegue dar foco na educação. Focando no que é importante, o resultado vem muito mais fácil”, complementa Carlos Nascimento.

Tendo em torno de 5 mil alunos, o Unifeob também investe na atratividade pela qualidade: de seis cursos de ensino a distância avaliados pelo MEC, todos tiveram nota alta. Entre os mais procurados nessa modalidade na instituição estão pedagogia, administração, ciências contábeis e cursos tecnólogos.

Investimento em regionalização e nicho de mercado

Já para uma faculdade isolada, com menos de 1000 alunos como a Dom Bosco, em Porto Alegre, a aposta para o ensino a distância está na regionalização e nicho de mercado. Segundo a pesquisa do Mapa do Ensino Superior no Brasil, o perfil do aluno EAD é formado por profissionais entre 30 e 40 anos, que não tiveram oportunidade de cursar uma graduação mais cedo e que ingressam no ensino superior mais tarde, a fim de alcançar maior remunerações na área em que atuam.

Leia: Educação superior pós-pandemia: uma janela para o futuro

ensino superior transformações pandemia
“Focando no que é importante, o resultado vem muito mais fácil”, diz Carlos Nascimento do Unifeob
(Foto: Shutterstock)

 “Nosso polo está em cidades-chave na região Sul. São três cidades predominantemente industriais: Santa Rosa, da indústria metal mecânica; Rio Grande e Itajaí que são fortes no polo naval. Então investimos em gestão da produção industrial para atrair as pessoas que já atuam nessas áreas”, conta a coordenadora dos cursos da área de tecnologia da instituição, Letícia Garcia.

Contudo, a faculdade tem de enfrentar a morosidade burocrática do MEC para implementação de novos cursos, o que atrapalha na resposta da instituição às demandas do mercado. Em contrapartida, a coordenadora fala que apresentar diferenciais é fundamental, o que para eles representa o curso de tecnólogo em gestão de processos escolares, cuja oferta parte de apenas outras duas instituições fora a Dom Bosco, segundo Garcia.

“Estamos presenciando uma boa procura deste curso, pois ele atende um nicho de profissionais que atuam na educação, que não são professores, ou seja, é um salto de qualidade para quem o faz e para a escola que passará por um momento de grande inovação no pós-pandemia. É para isso que este curso prepara, além de habilitar esse profissional para concursos públicos. Todo projeto educacional tem uma fase de investimento, equilíbrio e rentabilidade. Nesse momento, estamos na fase de investimento”, conclui Letícia Garcial.

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Autor

Redação Ensino Superior


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