Revista Ensino Superior | Revolução digital cria oportunidades para IES
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Educação

Colunista

Alexandre Gracioso

Especialista e consultor em ensino superior e gestão educacional

Revolução digital cria oportunidades para IES

Relatório do Fórum Econômico Mundial estima que seis em dez trabalhadores irá requerer treinamento

Revolução digital Empresas com propostas interessantes, muitas vezes no formato EAD, aparecem todos os dias (Ilustração: Freepik)

Há alguns anos, fiz um exame de sangue para o qual era requerido jejum de doze horas. Na época, com menos idade e com mais fome, ficar meio-dia sem comer era um sacrifício enorme. Hoje, com o metabolismo atenuado pela meia-idade, esse requisito já não implica tanto sofrimento. Há alguns anos, a situação era outra e, após aquele exame, eu queria muito um lanchinho.

A unidade do laboratório em que realizei o exame era pequena, equivalente a um Pão de Açúcar Minuto, ou Carrefour Express. Não realizava muitos tipos de exames e não recebia muitos clientes; a unidade se restringia ao essencial. Quando cheguei ao local do café, não havia uma pessoa para atender os clientes e cada um podia pegar o que quisesse. Desnecessário dizer que peguei vários sanduichinhos.

Refeito, perguntei a uma das recepcionistas se não havia uma pessoa responsável pelo café ou se ela tinha faltado. A recepcionista respondeu que não havia  nenhum responsável pelo setor naquela unidade. Disse a ela, então, algo como “olha só que curioso, alguém fez a conta e concluiu que é mais barato deixar os clientes se servirem do que contratar uma pessoa, mesmo ganhando pouco, para realizar esse serviço”. Ela me olhou com certa surpresa, concordou e disse que não lhe tinha ocorrido esse ponto de vista.

 

Leia: Como podemos fortalecer a criatividade de nossos estudantes?

 

Isso ocorreu há vários anos, como disse no início do texto, e naquela época nem se falava ainda em Inteligência Artificial e automação de forma mais acentuada. Se atendentes já começavam a ser supérfluos naquele momento, hoje podemos dizer que se trata de uma ocupação em vias de extinção. Ao menos é o que nos diz o relatório sobre o futuro do trabalho do Fórum Econômico Mundial (WEF) de 2023 (1). Segundo o relatório, as dez profissões mais ameaçadas de declínio nos próximos cinco anos são as seguintes (2):

1 – Caixas de banco e funcionários relacionados;

2 – Funcionários dos Correios;

3 – Caixas e cobradores;

4 – Escriturários de entrada de dados;

5 – Secretários administrativos e executivos;

6 – Assistentes de registro de produtos e estoque;

7 – Escriturários de contabilidade;

8 – Legisladores e oficiais judiciários;

9 – Atendentes estatísticos, financeiros e de seguros;

10 – Vendedores de porta em porta, ambulantes e trabalhadores relacionados.

Segundo o WEF, nos próximos cinco anos, o mundo deve presenciar a perda líquida de 14 milhões de posições de trabalho, resultado da tensão que, por um lado, irá criar 69 milhões de novos postos, mas irá destruir 83 milhões de posições. Além disso, é claro que as novas posições serão significativamente diferentes das atuais.

O relatório estima que seis em dez trabalhadores irá requerer treinamento (o relatório utiliza o termo upskilling para se referir ao esforço de atualização e melhoria das habilidades da força de trabalho), mas que somente metade desse contingente terá acesso a oportunidades adequadas de capacitação.

 

Leia: A necessária atenção aos sonhos dos estudantes

 

Em que as empresas pretendem capacitar seus funcionários? A relação das principais necessidades talvez surpreenda, pois não está restrita a treinamento em novas tecnologias. Pelo contrário, a principal prioridade é pensamento crítico e analítico, seguido de criatividade (tema de nossa coluna anterior e de vários outros artigos aqui na Ensino Superior). Claro, a utilização de ferramentas de Inteligência Artificial faz parte das prioridades, mas, no geral, habilidades e competências cognitivas, de autoeficácia, de liderança, são mais mencionadas como prioritárias.

 

Tabela 1: Principais habilidades para os próximos cinco anos, mencionadas pelos respondentes em 2023

1. Pensamento analítico 6. Literacia tecnológica
2. Pensamento criativo 7. Atenção ao detalhe
3. Resiliência, flexibilidade e agilidade 8. Empatia e escuta ativa
4. Motivação e autoconsciência 9. Liderança e capacidade de influência
5. Curiosidade e motivação para aprender ao longo da vida 10. Controle de qualidade do próprio trabalho

Se por um lado toda essa movimentação traz desafios, por outro, representa grandes oportunidades para instituições de ensino superior (IES) rápidas o bastante para acompanhar as demandas de um mercado que sofrerá grandes transformações.

O relatório do WEF aponta que 81% das empresas respondentes pretendem investir em treinamento dentro e fora da empresa. 46% gostariam de promover mudanças de pessoal de áreas em declínio para áreas em crescimento. Quem irá treinar toda essa gente? Estamos diante de uma grande oportunidade de mercado para cursos de educação continuada, capacitação profissional, pós-graduações.

 

Thuinie Daros | Neuroeducação: transformando a maneira de aprender

 

No entanto, as  IES não estão sozinhas nesse mercado, não mais. Empresas com propostas interessantes, muitas vezes no formato EAD, aparecem todos os dias. Grandes oportunidades sempre atraem empreendedores e neste caso não é diferente. Para melhor aproveitar este cenário positivo, as IES precisarão de agilidade, além do foco nas reais necessidades do mercado. Até porque o relatório também sugere uma certa resistência à contratação de fornecedores externos de treinamento; a maioria dos respondentes declara ter preferência por soluções internas. Ou seja, a oportunidade existe, mas também existem algumas barreiras.

A percepção de que um grande esforço de recapacitação se faz necessário, na verdade, não é nova. Em um artigo de 22 de janeiro de 2020, pouco antes do mundo se fechar devido ao Covid, o próprio WEF apontava a necessidade de uma Revolução de Recapacitação (3). Naquele momento, o Fórum apontava para a necessidade se recapacitar um bilhão de pessoas até 2030, com forte ênfase nas competências cognitivas e relacionais.

Em um artigo de 2021, Andreas Kaplan, Dean da ESCP Business School, de Paris, publicou um interessante artigo de opinião no site da Harvard Business Publishing, em que compartilha algumas estratégias para IESs continuarem a fazer parte do rol de consideração dos indivíduos na hora de buscar opções para recapacitação (4).

Inicialmente, ele destaca a importância do público que já conhece a instituição. Para Kaplan, IES podem aproveitar a base de estudantes atuais e egressos para trabalhar o conceito de educação ao longo da vida, conscientizar e engajar esse público com essa ideia.

 

Leia também: Integração entre alunos, professores e jovens afegãos

 

Além disso, o foco nas necessidades específicas de profissionais com agendas extremamente disputadas e sobrecarregadas precisa ser prioridade. Como as IES irão se organizar para atender esse público? Lembrando que a concorrência, composta por empresas ágeis de educação não-tradicional, está se mobilizando para isso.

Kaplan deixa por último uma sugestão que me é muito cara: investimentos na capacitação docente. Para ele, “as universidades devem garantir que seus membros do corpo docente brilhem como educadores de alto nível. Os professores devem receber formação regular e manter-se familiarizados com as ferramentas e tecnologias em constante mudança, bem como com as mais recentes possibilidades pedagógicas. Com relação ao conteúdo do programa acadêmico, parcerias e conselhos de empresas podem ajudar o corpo docente a detectar as necessidades do mundo corporativo e combinar as pesquisas mais recentes com as demandas atuais do mercado”.

Bem, o desafio está posto. O mundo continuará em acelerada transformação e, como diria o grande Belchior, que eu adoro, precisamos todos rejuvenescer. Claro, entendo isso e estou fazendo minha parte, mas, confesso, vou sentir falta dos carrinhos de Yakult que passavam de casa em casa.

 

Referências

 

(1) Forum Econômico Mundial (2023): Future of Jobs Report 2023, disponível em https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2023

(2) A lista traduzida para o português foi retirada de https://www.startse.com/artigos/profissoes-que-deixarao-de-existir-ate-2027/

(3) Forum Econômico Mundial (2020): We need a global reskilling revolution – here’s why, disponível em https://www.weforum.org/agenda/2020/01/reskilling-revolution-jobs-future-skills/

(4) Kaplan, Andreas (2021): Professionals Need to Keep Their Skills Fresh. Will They Turn to Higher Ed?, disponível em https://hbsp.harvard.edu/inspiring-minds/professionals-need-to-keep-their-skills-fresh-will-they-turn-to-higher-ed

Por: Alexandre Gracioso | 16/05/2023


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