NOTÍCIA

Edição 275

ETEP prima pela prática profissional aliada à teoria

Um dos preceitos do Centro Universitário ETEP é a criação de hubs de inovação, no próprio campus. Todos os cursos têm o objetivo de formar o aluno para o mercado de trabalho por meio de projetos e práticas pedagógicas

Publicado em 17/05/2023

por Sandra Seabra Moreira

ETEP Professores e estudantes experientes ampliam conhecimento no núcleo de aeronáutica, que oferece pós-graduação em ansaio de voo (Foto: divulgação)

O Centro Universitário ETEP – Escola Técnica Everardo Passos – surgiu da Escola de Engenharia Industrial, fundada em 1956 em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. A instituição cresceu na medida em que cumpriu a tarefa de formar mão de obra para as indústrias da região, que abriga gigantes como Johnson, General Motors, Petrobras e Embraer.

A partir de 2006, expandiu a atuação. Dos três cursos de graduação iniciais – engenharia mecânica e licenciaturas de física e matemática –, em 2008 já eram dez cursos, seis tecnólogos e quatro engenharias. Em 2018, o salto foi tornar-se Centro Universitário. Em seguida, veio a ETEP Digital, que atualmente oferece cursos de EAD para todo o país, com polos presenciais em mais de 20 cidades.

 

Leia: A estratégia do passo do papagaio

 

Fabiano Roxo

Fabiano Roxo, reitor (Foto: divulgação)

As transformações são muitas, a complexidade aumenta e as tarefas se agigantam. Foi necessária mudança na estrutura organizacional. O reitor, Fabiano Roxo, chegou em janeiro deste ano e liberou Thiago Pêgas, desde 2006 na instituição e responsável pela expansão, para liderar equipes e processos de inovação. Ao chegar, Roxo se aproximou dos professores, coordenadores e colocou a atenção nos processos de qualidade acadêmica. “Fomos medir a qualidade através de avaliações externas, como por exemplo o Enade.” A ETEP se prepara para inaugurar o curso de direito, enquanto os cursos de saúde criados recentemente começam a prosperar.

“A ETEP tem uma história na área das exatas, das engenharias, e agora buscamos projetos inovadores”, fala Roxo. A vocação da instituição para a formação acadêmica aliada ao conhecimento técnico e prático permanece. “Aqui no Vale do Paraíba, somos referência em trabalhar com projetos. Em todos os cursos o foco é sempre fechar com uma parte prática”, conta o reitor. Para esse objetivo, as parcerias com as empresas têm relevância. “Todos os alunos, no final do semestre, vão para uma semana de gestão em tecnologia junto às empresas parceiras. Eles expõem os projetos que desenvolveram junto aos professores orientadores. Esses professores acompanham o projeto desde o início da pesquisa até a formulação prática”, detalha.

Novas estruturas e metodologias foram necessárias. “Um dos nossos preceitos é criar hubs de inovação no próprio campus. Já temos um, por exemplo, na área da aviação. Na área da educação, temos um projeto totalmente voltado a metodologias ativas, com laboratório já praticamente pronto. Todos os cursos do Centro Universitário ETEP têm esse objetivo de formar o aluno para o mercado de trabalho por meio de projetos e práticas pedagógicas.”

 

A sinergia dos núcleos

 

Núcleos de aeronáutica e de segurança pública e privada – nos moldes do conceito de hubs de inovação – estão no radar de Pêgas. O núcleo de aeronáutica foi implantado no meio da pandemia, em 2020. “Há 60 anos a ETEP forma alunos para trabalhar na Embraer, mas ainda não tínhamos um núcleo de aeronáutica. Começamos com pós-graduação, um curso de ensaio voo”, conta. Os alunos aprendem a realizar ensaios e testes com aviões, e para isso contam com cinco simuladores. É para quem já tem experiência na área. Os professores são oficiais da aeronáutica, superexperientes e já foram pilotos. “Nesse curso, o aluno é engenheiro ou piloto, ou engenheiro piloto, mas todos têm experiência na área da aeronáutica. A sinergia é excelente.”

O curso de pós envolve menos pessoas, mas a ideia é “ir descendo”. Estudantes de engenharia aeronáutica e dos tecnólogos – logística direcionada à aeronáutica, piloto privado, manutenção de aeronaves – são direcionados para o núcleo. “Uma coisa é ter um curso seguindo as diretrizes, outra coisa é frequentar um núcleo onde todo mundo fala de aeronáutica. É a única pós-graduação desse tipo na América Latina destinada ao público civil. Custa 50 mil reais e já temos um aluno estrangeiro porque custa 200 mil dólares nos EUA.”

Estudantes de outras engenharias também podem se valer do núcleo. “O aluno de engenharia eletrônica que quiser tomar contato com a aeronáutica pode fazer seu trabalho de conclusão nesse núcleo.” Pêgas explica que a Embraer requer todo tipo de profissional, como administrador, operador logístico, contador. A passagem pelo núcleo pode garantir uma posição adiantada num processo de seleção.

 

Leia: A reviravolta da tradição

 

Sedimentada a implantação do primeiro núcleo, o próximo é dedicado à segurança pública e privada, área bastante impactada pela tecnologia. Em São José dos Campos, conta Pêgas, a prefeitura instalou há quatro anos o Centro de Segurança e Inteligência, que monitora 1.500 câmeras espalhadas pela cidade, e disponibiliza suas imagens às polícias militar, rodoviária e federal. “O segurança não anda armado, ele está operando um sistema de segurança e vigilância eletrônica. Essa estrutura de segurança não vai requerer profissionais que saibam atirar, mas que entendam de inteligência artificial”, explica.

A ETEP já oferece dois cursos tecnólogos na modalidade EAD, gestão de segurança privada e gestão de segurança pública, destinados a formar profissionais para trabalhar em órgãos públicos, na polícia, na guarda municipal, ou mesmo para quem já é policial e quer ampliar competências. Além deles há os de mecatrônica, eletrônica, análise e desenvolvimento de sistemas, banco de dados e rede de computadores. “Não criamos cursos novos. Reunimos esses que já temos e estruturamos o núcleo, com direcionamento para atender à demanda do mercado de segurança.”

O próximo será o de engenharia biomédica, mais uma área que a tecnologia revolucionou. “Toda a área de medicina é baseada em imagem, em tecnologia eletrônica. Vamos pegar novos engenheiros e direcioná-los para trabalhar com esses equipamentos, que requerem manutenção.” Também nesse núcleo não será preciso a criação de novos cursos. As competências do engenheiro mecânico são as mesmas, o que importa é atualizar a tecnologia e suas aplicações.

 

O desafio da diversificação

 

Numa decisão estratégica, primeiramente a ETEP se tornou Centro Universitário para, então, começar a diversificar as áreas de cursos. Saúde foi a primeira, com fisioterapia e nutrição. A pandemia atrapalhou no início, mas em 2022 a captação de alunos foi retomada. Pêgas conta que ainda virão enfermagem e educação física.

Outro novo é o de psicologia. Para um futuro próximo, conta Roxo, “haverá parceria com uma clínica especializada em transtorno do espectro de autismo, que estará alinhada a todos os projetos de psicologia”. Com o convênio estabelecido, os estudantes poderão vivenciar práticas acadêmicas e profissionais.

A ETEP acabou de obter autorização para o curso de direito. “Outro grande desafio para nós será focar a área jurídica. Logo teremos o lançamento oficial do curso, com projetos como núcleo de prática jurídica e orientação jurídica aos munícipes.” O curso de direito já será concebido de acordo com as premissas das metodologias ativas, em que o aluno é o protagonista do processo de ensino-aprendizagem.

Autor

Sandra Seabra Moreira


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