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Formação

Ensino superior: disseminação da covid-19 gera inovações e projetos de pesquisa

Confira exemplos de como a comunidade acadêmica está se mobilizando para conter a pandemia

facens Alunos da Facens estão

Estudantes e professores de diversas instituições de ensino estão se mobilizando para dar suporte à sociedade na prevenção e no combate da covid-19. Os exemplos têm surgido em diversas regiões do país e abrangem desde a produção de equipamentos, a criação de serviços e a realização de pesquisas.

Leia: Como estão as atividades acadêmicas em tempos de covid-19

A Facens, localizada em Sorocaba (SP), montou uma “fazenda” de impressoras 3D para auxiliar instituições e profissionais de saúde. Durante um mês, 14 impressoras 3D e sete profissionais do FabLab do centro universitário produzirão cerca de mil escudos faciais para proteção de médicos e enfermeiros.

Combatendo o caos

ensino superior covid projetos
Alunos da Facens estão envolvidos na produção de mil escudos faciais para os profissionais da área da saúde

Além do Hospital das Clínicas de São Paulo, a Santa Casa de Sorocaba também está sendo beneficiada com o equipamento de proteção, que tem a vantagem de ser reutilizável após higienização adequada. “Vivemos um momento sem precedentes e, por sermos uma instituição reconhecida no setor de tecnologia e no âmbito social, sentimos a necessidade e o dever de contribuir de alguma forma”, explica Paulo Roberto Freitas de Carvalho, reitor da Facens.

O projeto de produção de escudos faciais na instituição está sendo liderado pelo coordenador do FabLab da Facens, Antoni Romitti, e seu time. A iniciativa também tem a colaboração de Karen Abrão, responsável pela área de saúde e tecnologia em saúde do centro universitário e da instituição de ensino mineira Newton Paiva, que contribuiu para ajustes no design do dispositivo.

“A ideia inicial é produzir ininterruptamente durante um mês, para então avaliarmos a necessidade dos hospitais de receber mais unidades. A prioridade agora é entregar os escudos faciais dentro das normas de segurança, trabalhando com a capacidade máxima das nossas impressoras a fim de disponibilizarmos as peças da forma mais ágil possível”, afirma Romitti.

Produção solidária

A PUC-PR está envolvida em projeto semelhante. Mais de 500 unidades de escudos faciais e óculos de proteção foram produzidos no laboratório de protótipos 3D da Escola de Arquitetura e de Belas Artes.  Com apenas um voluntário no local, a instituição consegue produzir um equipamento a cada 2,5 minutos. O material está sendo doado para o Hospital Universitário Cajuru e para o Hospital Marcelino Champagnat, que atendem casos suspeitos da doença em Curitiba. Em breve, doações também serão realizadas para o Hospital do Trabalhador, também localizado na capital paranaense.

“Esses materiais são recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e fundamentais para que os profissionais da saúde não fiquem expostos ao novo vírus e consigam seguir realizando seu trabalho no combate à doença “, explica Cristina Baena, professora da PUC-PR e coordenadora do Centro de Estudo, Pesquisa e Inovação dos Hospitais do Grupo Marista (CEPI).

Já dos laboratórios do curso de Farmácia da PUC-PR saem 35 litros de álcool em gel por dia. Eficaz para a higienização e prevenção do coronavírus para colaboradores da PUC-PR, eles também são doados aos hospitais da cidade.

Os estudantes de Farmácia do grupo Ser Educacional (Uninassau, Uninabuco, Unama, Univertias, UNG e Uninorte), por sua vez, produziram mais de 500 litros de álcool en gel para doar aos colaboradores e à população do entorno dos campi. “Num momento como esse, temos que unir forças com o poder público em prol da vida”, declara Jânyo Diniz, presidente do Ser Educacional.

Leia: Novas diretrizes: as competências que todos os professores devem ter

Pesquisa sobre o número de infectados

A comunidade acadêmica também mostra mobilização no campo das pesquisas. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) vai analisar a evolução da infecção da covid-19 na população gaúcha. Com apoio do Instituto Serrapilheira, que destinou R$ 1 milhão para o estudo, os pesquisadores vão estimar o percentual de pessoas infectadas com o SARS-CoV-2; determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas; avaliar os sintomas mais comumente relatados pelos infectados; analisar a evolução quinzenal da prevalência de infectados no estado por um período de 45 dias; fornecer estimativas do percentual de infectados, permitindo cálculos precisos da letalidade da doença; e estimar a sensibilidade e a especificidade do teste rápido.

Serão testadas e entrevistadas, ao todo, 18 mil pessoas no estado. O projeto também conta com a participação das seguintes instituições: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

“Conhecer o percentual da população que já foi infectada, a velocidade com a qual a infecção se propaga e o percentual de infectados que são assintomáticos ou têm sintomas leves é muito importante para o planejamento das ações de controle da pandemia”, destaca o epidemiologista Bernardo Lessa Horta, um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto.

Aplicativo para  atendimento a distância

Outro exemplo interessante vem do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da Universidade de São Paulo em São Carlos, onde nasceu o CheckCorona. Por meio do WhatsApp, um atendente automático inteligente fornece informações e orienta pacientes sobre os sintomas da covid-19, realizando uma espécie de pré-triagem.

O assistente pergunta à pessoa sobre seus sintomas e traz informações sobre os procedimentos necessários, como isolamento, testagem e busca por auxílio médico em unidades de saúde. As recomendações foram baseadas nas formuladas pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças.

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Autor

Marina Kuzuyabu e Deborah Oliveira


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