NOTÍCIA
A prática envolve preparar os alunos para aprender, transmitir ideias e informações, desenvolver habilidades de pensamento, configurar e gerenciar atividades e para verificar a aprendizagem
Publicado em 07/06/2019
Nos dois primeiros conteúdos especiais sobre a internacionalização do ensino superior (disponíveis aqui e aqui) uma variável em comum foi citada mais de uma vez como essencial para que os projetos possam ser implementados com sucesso. Trata-se do inglês enquanto um componente do programa de línguas que permite a comunicação para promover conexões globais para a cooperação acadêmica internacional. Essa tende a ser uma barreira comum para que as universidades brasileiras deem o primeiro passo, já que elas recebem alunos que não foram preparados para dominar a proficiência durante o ensino básico. Entretanto, o início da transformação precisa enfocar quem é de casa!
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Dentro desse contexto, uma prática que vem crescendo com rapidez no mundo, principalmente nas nações que buscam a globalização por meio da educação bilíngue ou internacional é o EMI ou English as a Medium of Instruction. Na tradução literal a sigla significa inglês como meio de instrução e também quer dizer exatamente isso. É basicamente se utilizar do idioma para transferir conhecimento de diferentes disciplinas, como ciências, matemática, geografia, engenharia, filosofia, dentre outras todas.
O grande diferencial que faz com que a sala de aula se engaje em torno de um assunto está na metodologia do professor. É essa habilidade que permite que ele transmita seu conhecimento de uma maneira que fará com que os estudantes entendam e o absorvam enquanto aprendizado. E o mesmo vale para quando falamos em aulas ministradas em inglês. Não é suficiente colocar um profissional fluente para ensinar, sem que haja uma base metodológica e um programa no qual ele possa se pautar e se apoiar.
Lecionar em diferentes línguas não é igual. Cada uma possui uma lógica por trás e apenas a proficiência não garante a segurança e a desenvoltura necessárias para que a troca de conteúdo entre os elos seja completa. Dominar mesmo que o nível mais avançado das habilidades propicia atividades cotidianas como a leitura de bibliografias internacionais e até mesmo a comunicação e a argumentação entre os pares, mas ainda assim deixa aberta uma lacuna de técnica e repertório acadêmico, por exemplo.
O início da transformação passa necessariamente por um momento de capacitação continuada dos professores em torno dessa prática que cobre linguagem para preparar os alunos para aprender, para transmitir ideias e informações, para desenvolver habilidades de pensamento, para configurar e gerenciar atividades e para verificar a aprendizagem. E, aos poucos, é possível que o próprio quadro de docentes seja agente replicador do conceito para aqueles que acabam de chegar à instituição ou que estão no processo de adquirir fluência no inglês para acompanhar essa evolução.
Ou seja, assim como em todo o ciclo da educação, independente da sua esfera, a capacitação do corpo docente é um ponto chave importantíssimo para impulsionar qualquer que seja a transformação. Sem ela, o que já evolui a passos curtos, pode demorar ainda mais para se estabelecer de forma eficaz no Brasil.
*Alberto Costa é Senior Assessment Manager de Cambridge Assessment English, departamento da Universidade de Cambridge especializado em certificação internacional de língua inglesa e preparo de professores.
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